segunda-feira, 27 de junho de 2011

CARTA DE UM UMBANDISTA A SUA FILHA


Minha Amada Filha

Quando você parar de me contar - como ainda você faz - as suas brincadeiras e as suas coisas pessoais; quando você não tiver mais medo da "escuridão" e decidir abrir, finalmente, as páginas desses livros desconhecidos que hoje você somente olha, talvez mal ajeitados na estante do meu escritório e que conservo com muito carinho; quando for adulto, aproxime-se desses senhores que hoje você acha misteriosos e que, se bem não te desagradam, te merecem tão somente certa indiferença.

Procura essas pessoas que freqüentemente me ligam ou me visitam e com quem comparto algumas horas, a cada semana, nesses dias que você me vê chegar mais tarde em casa. Sim, procura esses homens que a sociedade identifica como "Umbandistas" e que eu chamo, orgulhosamente de "Meus Irmãos".

Tantas vezes você os viu e ouviu que, provavelmente, já conheça todos eles.

A grande maioria é jovem; alguns, homens maduros; e outros, com as suas testas coroadas por cabelos grisalhos, do mesmo jeito que algumas montanhas mostram seus cumes cobertos pelo branco da neve. Mas todos eles me permitiram beber da fonte da sabedoria.

Todos, por igual, abriram seus peitos como se abre uma cesta para receber as confidências, a alegria, os infortúnios e decepções, os projetos e as ilusões do melhor amigo.

Sim, procura essas pessoas, sem importar o longo caminho a ser percorrido nem quantos os obstáculos que devam ser vencidos.

Decidida a procurá-los, o Ser Supremo vai mostrar-te o caminho.

E quando souber o que é que eles fazem, como pensam e o que pretendem (desde que o teu espírito esteja satisfeito e achadas todas as tuas respostas) junte-se a eles e siga-os.

Mas se mesmo depois de analisar os seus princípios as tuas dúvidas continuarem sem resposta então, Filha minha, saia do caminho com a decência de uma mulher bem nascida.

Se eu ainda for vivo, baterei palmas à tua decisão, qualquer que tenha sido. A aceitarei pois você terá estudado antes de definir e porque conseguiu analisar a tua escolha, ou seja, terá decidido por você mesma após ter raciocinado.

E caso eu tiver passado para os Jardins d'Aruanda, vou pedir ao Altíssimo para enfeitar a tua vida com os atributos que sempre procurei para você e que, Umbandista ou não, o mundo reconheça em você uma mulher honesta, virtuosa, justa, respeitável, oposto a todo gênero de opressão e com um profundo amor pela humanidade.

Autor desconhecido.

Axé!!
Orgulho de ser Umbandista!!

Axé!!!!

                                                                                                    

Momento de reflexão


Paciência é uma virtude de manter um controle emocional equilibrado, sem perder a calma, ao longo do tempo. Consiste basicamente de tolerância a erros ou fatos indesejados. 


É a capacidade de suportar incômodos e dificuldades de toda ordem, de qualquer hora ou em qualquer lugar. 
É a capacidade de persistir em uma atividade difícil, tendo ação tranqüila e acreditando que você irá conseguir o que quer, de ser perseverante, de esperar o momento certo para certas atitudes, de aguardar em paz a compreensão que ainda não se tenha obtido , capacidade de ouvir alguém, com calma, com atenção, sem ter pressa, capacidade de se libertar da ansiedade. 


A tolerância e a paciência são fontes de apoio seguro nos quais podemos confiar. Ser paciente é ser educado, ser humanizado e saber agir com calma e com tolerância. 
A paciência também é uma caridade quando praticada nos relacionamentos interpessoais.




                                                                                                                                           

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Eu sou UMBANDISTA

                            

Eu sou Umbandista ... Mas o que é isso? O que é ser Umbandista?
 É não ter vergonha de dizer: "Eu sou Umbandista". 
É não ter vergonha de ser identificado como Umbandista. 
É se dar, acima de tudo a um trabalho espiritual. 
É saber que um terreiro, um centro, uma casa de Umbanda é um local espiritual e não a Religião de Umbanda em seu todo, mas todos os terreiros, centros e casas de Umbanda, representam a Religião de Umbanda. 
É saber respeitar para ser respeitado, é saber amar para ser amado, é saber ouvir para ser escutado, é saber dar um pouco de si para receber um pouco de Deus dentro de si. 
É saber que a Umbanda não faz milagres, quem os faz é Deus e quem os recebe os mereceu. 
É saber que uma casa de Umbanda não vende nem dá salvação, mas oferece ajuda aos que querem encontrar um caminho. 
É ter respeito por sua casa, por seu sacerdote e pela Religião de Umbanda como um todo: irmandade. 
É saber conversar com seu sacerdote e retirar suas dúvidas. 
É saber que nem sempre estamos preparados ... que são necessários sacrifícios, tempo e dedicação para o sacerdócio. 
É entrar em um terreiro sem ter hora para sair ou sair do terreiro após o último consulente ser atendido. 
É, mesmo sem fumar e beber, dar liberdade aos meus guias para que eles utilizem esses materiais para ajudar ao próximo, confiando que me deixem sempre bem após as sessões. 
É me dar ao meu Orixá para que ele me possua com sua força e me deixe um pouco dessa força para que eu possa viver meu dia-a-dia, numa luta constante em benefício dos que precisam de auxílio espiritual. 
É sofrer por não negar o que sou Umbandista), e ser o que sou com dignidade, com amor e dedicação. 
É ser chamado de atrasado, de sujo, de ignorante, conservador, alienígina, louco ... e, ainda assim, amar minha religião e defendê-la com todo carinho e amor que ela merece.
 É ser ofendido física, espiritual e moralmente, mas, mesmo assim, continuar amando minha Umbanda.
 É ser chamado de adorador do Diabo, de Satanás, de servo dos Encostos, e, mesmo assim, levantar a cabeça, sorrir e seguir em frente com dignidade.
 É ser Umbandista e pedindo sempre a Zamby para que eu nunca esteja Umbandista.
 É acreditar, mesmo nos piores momentos, com a pior das doenças, estando um caco espiritual e material, que os Orixás e os guias, mesmo que não possam nos tirar dessas situações, estarão ali, ao nosso lado, momento a momento nos dando força e coragem; ser Umbandista é, acima de tudo, acreditar nos Orixás e nos guias, pois eles representam a essência e a pureza de Deus. 
É dizer sim, onde os outros dizem não! 
É saber respeitar o que o outro faz como Umbanda, mesmo que seja diferente da nossa, mas sabendo que existe um propósito no que ambos estão fazendo. 
É vestir o branco sem vaidade. 
É alguém que você nunca viu te agradecer porque um dos seus guias a ajudou, e não ter orgulho. 
É colocar suas guias e sentir o peso de uma responsabilidade, onde muitos possam ver ostentação. 
É chorar, sorrir, andar, respirar e viver dentro de uma religião sem querer nada em troca. 
É ter vergonha de pedir aos Orixás por você, mas não ter vergonha de pedir pelos outros. 
É não ter vergonha de levar uma oferenda em uma praia ou mata, nem ter vergonha de exercer a nossa religiosidade diante dos outros. 
É estar sempre pronto para servir a espiritualidade, seja no terreiro, seja numa encruza, seja na calunga, seja no cemitério, seja na macaia, seja nos caminhos ... seja em qualquer lugar onde nosso trabalho seja necessário. 
É se alegrar por saber que a Umbanda é uma religião maravilhosa, mas também sofrer porque os Umbandistas ainda são tão preconceituosos uns com os outros. 
É ficar incorporado 5, 6 horas em cada uma das giras, sentindo seu corpo moído e ao mesmo tempo sentir a satisfação e o bem estar por mais um dia de trabalho. 
É sentir a força do zoar dos atabaques, sua vibração, sua importância, sua ação, sua força dentro de uma gira e no trabalho espiritual. 
É arriar a oferenda para o Orixá e receber seu Axé. 
É ver um consulente entrar no terreiro chorando e vê-lo mais tarde sair do terreiro sorrindo. 
É ter esperança que um dia, nós Umbandistas, acharemos a receita do respeito mútuo. 
É ser Umbandista mesmo que outros digam que o que você faz, sua prática, sua fé, sua doutrina, seu acreditar, sua dedicação, seu suor, suas lágrimas e sacrifício, não sejam Umbanda. 
É saber que existe vaidade mesmo quando alguém diz que não têm vaidade: vaidade de não ter vaidade. 
É saber o que significa a Umbanda não para você, mas para todos. 
É saber que as palavras somente não bastam. Deve haver atitude junto com as palavras: falar e fazer, pensar e ser, ser e nunca estar... 
É saber que a Umbanda não vê cor, não vê raça, não vê status social, não vê poder econômico, não vê credo. Só vê ajuda, caridade, luta, justiça, cura, lágrimas, aflição, alívio, raiva, amor, mau e bom, mal e bem ... os problemas, as necessidades e a ajuda para solucionar os problemas de quem a procura. 
É saber que a Umbanda é livre; não tem dono, não tem Papa, mas está aí para ajudar e servir a todos que a procuram. 
É saber que você não escolheu a Umbanda, mas que a Umbanda escolheu você. 
É amar com todas as forças essa Religião maravilhosa chamada Umbanda.

                                             

quinta-feira, 9 de junho de 2011

UMBANDA

História da Umbanda

Foi então que em fins de 1908, uma família tradicional de Neves, Niterói – RJ, foi surpreendida por uma ocorrência que tomou aspectos sobrenaturais: o jovem Zélio Fernandino de Moraes, acometido de estranha paralisia, que os médicos não conseguiam debelar, certo dia ergueu-se do leito e declarou: ”amanhã estarei curado“.

No dia seguinte, levantou-se normalmente e começou a andar, como se nada lhe houvesse tolhido os movimentos. Contava 17 anos de idade e preparava-se para ingressar na carreira militar da Marinha.

A medicina não soube explicar o que acontecera.

Os tios, sacerdotes católicos, colhidos de surpresa, nada esclareceram. Um amigo da família sugeriu então uma visita à Federação Espírita de Niterói, presidida na época por José de Souza. O jovem Zélio foi convidado a participar da sessão, tomando um lugar à mesa. Tomado por uma força estranha e superior à sua vontade, e contrariando às normas que impediam o afastamento de qualquer dos componentes da mesa, o jovem levantou-se, dizendo: ”aqui está faltando uma flor“, e saiu da sala indo ao jardim, voltando logo após com uma flor, que depositou no centro da mesa.

Esta atitude insólita causou quase que um tumulto. Restabelecidos os trabalhos, manifestaram-se nos médiuns Kardecistas espíritos que se diziam pretos escravos e índios. Foram convidados a se retirarem, advertidos de seu estado e atraso espiritual.

Novamente uma força estranha dominou o jovem Zélio e ele falou, sem saber o que dizia. Ouvia apenas a sua própria voz perguntar o motivo que levava os dirigentes dos trabalhos a não aceitarem a comunicação daqueles espíritos e do porquê em serem considerados atrasados apenas por encarnações passadas que revelavam. Seguiu-se um diálogo acalorado, e os responsáveis pela sessão procuravam doutrinar e afastar o espírito desconhecido, que desenvolvia uma argumentação segura. Um médium vidente perguntou:

"Por que o irmão fala nestes termos, pretendendo que a direção aceite a manifestação de espíritos que, pelo grau de cultura que tiveram, quando encarnados, são claramente atrasados? Por quê fala deste modo, se estou vendo que me dirijo neste momento a um jesuíta e a sua veste branca reflete uma aura de luz? E qual o seu nome irmão?

O espírito desconhecido falou: ”Se julgam atrasados os espíritos de pretos e índios, devo dizer que amanhã (15 de novembro) estarei na casa de meu aparelho, para dar início a um culto em que estes irmãos poderão dar suas mensagens e, assim, cumprir a missão que o Plano Espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados. E se querem saber meu nome, que seja este: Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque para mim não haverá caminhos fechados. O vidente retrucou: ”Julga o irmão que alguém irá assistir a seu culto? Perguntou com ironia. E o espírito já identificado disse: ”cada colina de Niterói atuará como porta-voz, anunciando o culto que amanhã iniciarei“.

No dia seguinte, na casa da família Moraes, na Rua Floriano Peixoto, número 30, ao se aproximar à hora marcada, 20:00 horas, lá já estavam reunidos os membros da Federação Espírita para comprovarem a veracidade do que fora declarado na véspera; estavam os parentes mais próximos, amigos, vizinhos e, do lado de fora, uma multidão de desconhecidos.

Às 20 horas, manifestou-se o Caboclo das Sete Encruzilhadas. Declarou que naquele momento se iniciava um novo culto, em que os espíritos de velhos africanos que haviam servido como escravos e que, desencarnados, não encontravam campo de atuação nos remanescentes das seitas negras, já deturpadas e dirigidas em sua totalidade para os trabalhos de feitiçaria; e os índios nativos de nossa terra, poderiam trabalhar em benefício de seus irmãos encarnados, qualquer que fosse a cor, a raça, o credo e a condição social. A prática da caridade, no sentido do amor fraterno, seria a característica principal deste culto, que teria por base o Evangelho de Jesus.

O Caboclo estabeleceu as normas em que se processaria o culto. Sessões, assim seriam chamados os períodos de trabalho espiritual, diárias, das 20:00 horas às 22:00 horas; os participantes estariam uniformizados de branco e o atendimento seria gratuito. Deu, também, o nome do Movimento Religioso que se iniciava: UMBANDA – Manifestação do Espírito para a Caridade.




ORAÇÃO PARA NANÃ
 (Acenda uma vela da cor lilás antes de fazer essa oração)
 
À minha mãe Nanã, eu peço a benção e proteção para todos os passos de minha vida.
À minha mãe Nanã, eu peço que abençoe o meu coração, minha cabeça, meu espírito e corpo.
Que aos poderes dados somente à Senhora das Senhoras,
sejam caridosos e benevolentes,
 e me escondam de meus inimigos ocultos e poderosos.
Minha querida Mãe e Senhora, tenha piedade de meu coração. para merecer a sua proteção e caridade.
À minha mãe Nanã, eu lhe devoto minha fé e minhas palavras.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Momento de reflexão

Curta e Sábia

Uma noite, um velho índio falou ao seu neto sobre o combate que acontece dentro das pessoas.

Ele disse: - Há uma batalha entre dois lobos que vivem dentro de todos nós.

Um é Mau - É a raiva, inveja, ciúme, tristeza, desgosto, cobiça, arrogância, pena de si mesmo, culpa, ressentimento, inferioridade, orgulho falso, superioridade e ego.

O outro é Bom - É alegria, fraternidade, paz, esperança, serenidade, humildade, bondade, benevolência, empatia, generosidade, verdade, compaixão e fé.

O neto pensou nessa luta e perguntou ao avô: - Qual lobo vence?

O velho índio respondeu:

- "Aquele que você alimenta! "


                                                                                                       
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Curta e Sábia

Uma noite, um velho índio falou ao seu neto sobre o combate que acontece dentro das pessoas.

Ele disse: - Há uma batalha entre dois lobos que vivem dentro de todos nós.

Um é Mau - É a raiva, inveja, ciúme, tristeza, desgosto, cobiça, arrogância, pena de si mesmo, culpa, ressentimento, inferioridade, orgulho falso, superioridade e ego.

O outro é Bom - É alegria, fraternidade, paz, esperança, serenidade, humildade, bondade, benevolência, empatia, generosidade, verdade, compaixão e fé.

O neto pensou nessa luta e perguntou ao avô: - Qual lobo vence?

O velho índio respondeu:

- "Aquele que você alimenta! "
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Transe e Mediunidade
Nesta entrevista, realizada há quatro anos, o escritor espírita Lamartine Palhano Jr. explica os tipos de transe mediúnico de acordo coma doutrina espírita. O que é realmente o transe? Quero lembrar que Allan Kardec perguntou aos espíritos se os médiuns, na hora das manifestações, permaneciam num estado especial. Os espíritos responderam que estavam numa espécie de "crise", tanto que isto gerou o termo "crisíaco". Mas naquele tempo, a psicologia ainda não usava o termo "transe", que é uma corruptela de uma situação "transacional", que passa de um estado para outro, no caso, de um estado mental. Hoje se sabe que o que se chama "transe" é um estado alterado da consciência, onde há dissociação psíquica, que pode ser superficial (consciente) hipnogógico (semiconsciente) e profundo (inconsciente). O transe é anômalo porque ele é ocasional. Neste caso, não podemos, por exemplo, classificar o estado de sono porque é uma situação normal. O transe está sempre presente em todas as manifestações mediúnicas? Como eu disse, a mediunidade é um tipo de transe, por isso devemos compreender os outros tipos de transe para definir o que é realmente mediunidade. A emancipação da alma, ou projeção astral, não considerada como caráter mediúnico, mas como capacidade inerente do ser. Poderia esta ser considerado uma forma de transe? Evidente. É um transe anímico, no qual o espírito do próprio tem essa liberdade de emancipar-se, numa espécie de dissociação psíquica já referida. Veja o capítulo de O Livro dos Espíritos chamado "Emancipacão da Alma". Por que, no início, quando a mediunidade está "aberta", sentimos tanta coisa: dores, doenças? Falta de treino e de orientação para o "transe canalizado", que tenho estudado de modo cansativo nos últimos tempos. A primeira publicação que fiz a respeito está no capítulo 11 do livro Transe e Mediunidade, Editora Lachâtre. Sem esse treinamento, os médiuns permanecem com seus canais psíquicos abertos à revelia, recebendo todos os tipos de freqüências mentais. Quais os procedimentos corretos quando uma pessoa, não espírita e não estudiosa, entra em transe, debatendo-se e dizendo coisas desconexas? Por isso eu estou insistindo em que o espírita aprenda sobre o "transe", porque um tipo de situação dessa pode ser um "transe patológico" (esquizofrênico, psicótico, efeitos de drogas, obsessivo etc. ). E para ajudar melhor, o espírita deve reconhecer o transe e tomar as providências cabíveis, junto ao socorro médico ou aos recursos espíritas, como a ordem moral de afastamento dos espíritos, passe, irradiação etc. Existe uma forma para se identificar a mediunidade intuitiva? No livro Transe e Mediunidade tem essa explicação. No caso da intuição, ela vem inteira, direta e muitas vezes seguida do nome do espírito que está intuindo, o que se transforma em ação imediata. A observação constante do fenômeno dará segurança ao médium intuitivo e também, outros médiuns próximos podem confirmar o sentimento recebido. Uma outra coisa importante para se observar é o resultado positivo provocado pela ação nascida da intuição. A intuição é a primeira variedade mediúnica surgida na humanidade. Veja o livro Evolução em Dois Mundos, de Chico Xavier (espírito André Luiz). Quais são os tipos de transe e qual a sua origem? Segundo a conceituação espírita, o transe tem origem endógena e exógena. Poderia nos explicar? Os tipos básicos de transe são: 1) patológicos. Ex: delírio febril, coma, trauma craniano, psicose, depressão, esquizofrenia, epilepsia etc. 2) farmacógenos: provocados por drogas e medicamentos como tranqüilizantes, calmantes, anfetaminas e ecstasy, cocaína, heroína, crack, álcool, fumo etc. 3) anímico: Quando o indivíduo é capaz de emancipar-se por si mesmo, por sua vontade, ou não, naturalmente ou sob estímulo. Veja pergunta número 420 de O Livro dos Espíritos. 4) transe provocado: a) hipnose auto ou hetero; b) mediúnico, provocado por espíritos bons ou maus; c) farmacógenos (já citado). Esses são os tipos básicos. Endógenos são os provocados por distúrbios patológicos neuro-anímicos, por liberação ou inibição de neurotransmissores; os exógenos, transes provocados mediante estímulos externos. Supomos que um médium cobre por seus trabalhos espirituais. Poderia essa mediunidade ser autêntica e eficaz? A mediunidade não é propriedade dos espíritas, tanto quanto os poderes psíquicos de cada um. O problema de não cobrar por ação mediúnica foi uma recomendação dos espíritos a Allan Kardec, baseados em que os poderes mediúnicos são movimentações dos espíritos e, por isso, os médiuns não deviam cobrar, porque receberam o dom nesta vida. No entanto, é uma questão cultural. Nos Estados Unidos, por exemplo, o médium que não cobra é tido como feiticeiro. Pode-se afirmar, com certeza, que toda pessoa que boceja seguidamente no momento da reunião mediúnica, se não estiver sob a influência do cansaço, está sob má influência espiritual? Não significa má influência. Significa perda. Algumas pessoas se condicionam a determinados estímulos, mediantes os quais começam a bocejar. Entretanto, não pode ser descartada uma ação obsessiva. Cabe ao presidente, através de outros médiuns presentes, fazer uma "varredura psíquica" no indivíduo que está apresentando esses sintomas, e descobrir as causas. Meu procedimento é esse. O Livro dos Médiuns nos diz que quando um médium não age corretamente, os espíritos acabam por abandoná-lo, ficando este sem a sua mediunidade. Por que então vemos médiuns trabalhando para espíritos perturbados sem perderem a faculdade mediúnica? Não devemos entender as coisas ao pé-da-tetra. Os espíritos superiores não são maus para abandonar seus protegidos. O que acontece é que os médiuns, com as suas atitudes estranhas e inadequadas, diminuem o tônus vibracional, não permitindo a facilidade da ação superior. Os espíritos protetores respeitam essa atitude por causa do livre-arbítrio, e não significa propriamente que o médium "perde a mediunidade", porque o seu corpo hereditariamente tem a possibilidade do transe mediúnico. Duas coisas podem acontecer: os médiuns se sintonizam com os planos inferiores e continuam médiuns, ou os seus guias, considerando as energias compensadas do bem já realizado pelo médium, o protegem de modo especial para que não seja "pasto" para os "vampiros espirituais", de forma que, aparentemente, "perdem a mediunidade". No caso, se um médium clarividente vier a perder seu dom, por atos assim, poderia ele voltar a ver caso se modificasse vibracionalmente? Ele teria que ganhar a confiança de seus protetores novamente. E preciso entender que médium não é médium de uma mediunidade só. Cada médium possui em si mesmo uma dinâmica psíquica que pode alcançar diversos níveis de variedades mediúnicas, e isso é bem observa do quando se atenta para o fato. A clarividência é apenas uma variedade, mas se ele diz ou se dizem para ele sempre que ele é um clarividente, ele bloqueia as outras possibilidades que ele tem. Tenho prova disso em meus experimentos no CIPES. Em um dos seus livros, você coloca que o transe tem vários graus. Como poderia nos explicar isso? Tem vários graus e várias intensidades. As intensidades, eu comentei no início: superficial, hipnogógico e profundo. Os graus, nós temos: intuitivo, semimecânico e mecânico. Esses graus referem-se aos transes motores. Ex: psicofonia, psicografia e psicopraxia (ação psíquica). Com relação aos transes psico-sensoriais, nós temos desde o pressentimento, criptestesia, premonição, clariaudiência, clarividência, olfativos e psicometros. A psicometria pode ser enquadrada como fenômeno mediúnico ou anímico? Ë uma possibilidade anímica, podendo ser secundada por espíritos. No atendimento fraterno existe a manifestação mediúnica? Se no atendimento fraterno existe o passe e a água fluidificada, naturalmente vai existir liberarão de ectoptasma num transe de natureza biológica, além da psíquica. Se no passe se está transmitindo energias psíquicas, o passista, mesmo que esteja consciente de tudo, está em transe superficial, e, como não poderia deixar de ser, o paciente que está sendo magnetizado também está em transe leve. Pergunte ao paciente o que ele sentiu no momento, e ele vai dizer o que sentiu. Se o passista, no momento do passe, perceber a natureza dos problemas do paciente, o que há de ser feito, ele está em transe, que pode ser anímico ou mediúnico. O mais provável é que seja anímico (energias corporais), com auxílio das energias espirituais. Veja maiores informações na obra de André Luiz. O transe tem várias origens, podendo apresentar combinações diversas na forma. Que formas são essas? E como podemos caracterizá-las? Como foi dito, há vários tipos de transe. Por exemplo, a origem de um transe patológico, como no caso do delírio febril é uma febre; no caso de esquizofrenia, é a depleção das dopaminas; no caso das depressões, são os problemas com serotoninas, se consideramos o problema como de origem orgânica. Se for um problema de ordem espiritual, temos que considerar a erigem como uma incompetência de viver e uma revolta íntima (conforme Jung). Então, cada tipo de transe pode ter diversas origens. Não há espaço aqui para definir as origens de cada tipo de transe. "Mediunidade" é igual a "medianimico"? Mediunidade foi o termo utilizado por Kardec, que também se utilizou do termo "mediaminique". Aksakof utilizou o termo "anímico" (de "anima", alma). Como a mediunidade vem atrelada às possibilidades anímicas do médium, o termo mais completo para a definição seria "medianimico". Mas o termo "mediunidade" já está consagrado. Deixe-nos uma mensagem final. Gostaria de lembrar que o espírito humano não está preso no corpo como se estivesse dentro de uma caixa. Ele irradia por todos os lados, podendo receber e emitir irradiações mentais (pensamentos) de níveis diferentes, adotando aqueles pensamentos que lhe são mais afins. Então, somos potencialmente médiuns, e se não temos a devida vigilância mental, corremos o risco de estarmos vivendo o pensamento de outrem, e não o nosso próprio. Daí, o conselho básico de Santo Agostinho, na pergunta 919 de 0 Livro dos Espíritos sobre a questão do "conhece-te a ti mesmo". Só podemos dizer se somos ou não médiuns se os efeitos da nossa ação psíquica forem ostensivos ou sob observação experimental. Com relação ao transe mediúnico em si, é preciso exercitar as possibilidades que vão se apresentando e não decidir qual mediunidade que queremos ter, pois então corremos o risco de bloquear os gérmens das nossas possibilidades medianímicas latentes. O conselho dos espíritos é que essas forças devem ser desenvolvidas acompanhadas de renovação moral, para que possamos vencer as forças inferiores que nos cercam neste mundo de expiação e provas. TRANSE E MEDIUNIDADE Trecho do livro Mediunismo, de Ramatís. Psicografia de Hercílio Mães. Editora do Conhecimento. Alguns médium com os quais temos tido contato afirmam resolutamente que nada se recordam do conteúdo espiritual que recebem dos desencarnados, deixando-nos convictos de que todos eles são absolutamente sonâbulos. O médium sonâmbulo que for incapaz de avaliar de imediato ou posteriormente, ao menos, um só pensamento dos comunicantes desencarnados, além de muito raro, é um dos tipos mais apropriados para atender às pesquisas cientificas e identificar os espíritos dos “falecidos”, cumprindo a finalidade da alma. No sonambulismo perfeito enquadra-se melhor o médium de fenômenos físicos, que, em geral, só depois do transe completo é que fornece o ectoplasma para a consecução de trabalhos mediúnicos desse gênero. Ele precisa submeter-se passivamente aos técnicos do Além, para lograr o melhor êxito possível na fenomenologia de materializações, voz direta, transportes ou levitações, que se produzem pela manipulação da força ectoplásmica que se exsuda pela contextura perispiritual do médium. Conforme já vo-lo dissemos, os desencarnados comunicam-se pelo cérebro perispiritual dos médiuns intuitivos. Nos sonâbulos acionam-lhes diretamente o cérebro físico e no médium mecânico movimentam-lhe a mão na psicografia inconsciente. Entretanto, sempre o médium terá um conhecimento parcial daquilo de que é intermediário, pois só nos casos de obsessão completa, em que se entidades malévolas, depois de tenaz ação “diabólica”, conseguem assenhorear-se completamente do comando mental do obsidiado, é que então se poderia aceitar o sonambulismo absoluto e sem qualquer lampejo de razão. É certo que muitos médiuns, embora sejam sinceros e bem intencionados, alegam que são sonâmbulos e que de nada se recordam do transe mediúnico, temerosos de não inspirarem a devida confiança aos seus ouvintes. Nem sempre o fazem por vaidade ou má intenção, pois é evidente que o público fica mais convicto das comunicações do Além quando crê no completo alheamento do médium naquilo que transmite mediunicamente. Notas: (Extraído da Revista Cristã de Espiritismo nº 28, páginas 26-29)